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A partir de amanhã, próteses de silicone têm venda suspensa e terão que ser aprovadas pelo Inmetro

A partir de amanhã (22/3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) suspenderá, temporariamente, a comercialização de próteses mamárias de silicone no país, sejam elas nacionais ou importadas. A autorização para a venda destes produtos estará condicionada a testes e à sua certificação pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). A medida será publicada, também amanhã, no “Diário Oficial da União”.

Por determinação do governo, a comercialização de próteses deverá ser feita mediante realização de exames laboratoriais e, consequentemente, a utilização de um selo de qualidade que atesta a composição e o nível de resistência do material. A ANVISA ainda determina que as embalagens deverão conter informações que serão passadas antes da cirurgia para as pacientes, assim como expor para elas quais os riscos que o produto pode oferecer.

Prótese de silicone é a cirurgia mais realizada no país

A cada ano, cerca de 100 mil mulheres brasileiras são submetidas a cirurgias para aumento de mamas com prótese de silicone. De acordo com a última pesquisa do DataFolha de 2009, esse tipo de cirurgia estética é a mais realizada no país, seguida da lipoaspiração, com uma média de 90 mil procedimentos, por ano.

O aumento do poder aquisitivo da população, juntamente com a diminuição dos custos com o procedimento, tem contribuído para que esses números se mantenham em crescimento. Mas, juntamente com a popularização do uso de próteses de silicone para o aumento das mamas, cresce também a preocupação em relação aos cuidados e à conscientização das mulheres sobre a forma adequada de se fazer esse tipo de procedimento.

O cirurgião plástico Dr. Luciano Ricardo da Silva Diniz, especialista em cirurgias estéticas e reparadoras, integrante da equipe médica do novo setor de atendimento integrado de saúde da mulher, do Centro Médico São José, de Cerquilho, afirma que a cirurgia de prótese mamária tem o potencial de melhorar muito a autoestima das pacientes, mas que não deve ser encarada como um procedimento banal.

Além da melhoria estética, esse tipo de cirurgia é empregado para a reconstrução mamária por câncer. Nos casos estéticos, o uso de próteses é indicado tanto para as mulheres que não estão satisfeitas com o pequeno volume das mamas ou quando há flacidez e queda das mamas, frequentemente associado à amamentação, envelhecimento ou grande perda de peso. 

O cirurgião plástico afirma que, embora não exista uma faixa etária ideal para esse tipo de procedimento, o indicado é que a colocação da prótese de silicone ocorra somente após a paciente ter completado o desenvolvimento das mamas, o que ocorre, geralmente, a partir dos 18 anos. Até mesmo pacientes idosas, desde que com boa saúde e com indicação para a cirurgia, também podem passar pelo procedimento. “Apenas no caso em que a mulher tenha planos de engravidar, logo após a cirurgia, o mais aconselhável é que a colocação das próteses seja feita após o período de amamentação.”

Ele orienta que as mulheres que têm a intenção de colocar a prótese de silicone para o aumento das mamas devem, em primeiro lugar, procurar um cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, para que ele tire todas as suas dúvidas e também de seus familiares. “É importante essa participação, pois são os familiares que, muitas vezes, trazem questionamentos pertinentes e que também poderão ajudar nos cuidados pós-operatórios”. Após essa consulta preliminar, cita o Dr. Luciano, a paciente deverá passar por uma avaliação clínica completa, incluindo a avaliação do ginecologista ou mastologista, para identificar possíveis doenças mamárias que necessitem de um tratamento antes da cirurgia de prótese de silicone.

Cuidados

Atualmente, existem diversas técnicas utilizadas para a cirurgia de aumento mamário com silicone. A escolha do tipo de cirurgia depende de fatores, como tamanho e formato das mamas, presença de cicatrizes prévias, grau de flacidez e, ainda, a preferência quanto à localização da incisão e o volume desejado. Por isso, alerta Dr. Luciano, é indispensável à orientação de um especialista que poderá indicar a melhor técnica para se obter o resultado desejado pela paciente. “É preciso cuidado com promessas milagrosas, preços absurdamente baixos, médicos não habilitados para a cirurgia ou a imposição de amigos ou familiares para que a paciente faça a cirurgia. O que importa, acima de tudo, são a saúde e a felicidade da mulher”, destaca.

A escolha da prótese que será utilizada no procedimento é um fator importante. O fabricante deve estar de acordo com todas as normas estabelecidas pela ANVISA, inclusive, com as novas regras recém-publicadas. “Outro fator de extrema relevância é a escolha de um hospital de qualidade, que tenha um controle rigoroso dos procedimentos de esterilização e cuidados com o paciente”, orienta o médico.

Segundo ele, a cirurgia de prótese mamária, na sua grande maioria, tem um pós-operatório bem tranquilo, apenas com o controle da dor com analgésicos e curativos simples. Mas, para evitar complicações, como hematoma, deslocamento das próteses ou infecções, é necessário que as pacientes evitem realizar esforços com os braços por um período de 15 a 30 dias, como dirigir, carregar peso e, até mesmo, executar tarefas domésticas.

O prazo de validade médio das próteses é de dez anos, mas o indicado é que, anualmente, as pacientes passem por uma reavaliação do seu médico para verificar se não há problemas relacionados à ruptura, contratura ou mesmo necessidade de aumento do volume da prótese. Se for identificado algum desses problemas, dever ser feita a troca do material.